segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Feliz Espírito Natalício Capitalista


O que significa verdadeiramente o Natal?
Fraternidade, solidariedade, amor pelo outro e partilha???
Partilha, sim, parece que foi uma das poucas coisas que permaneceu no nosso espírito natalício formatado pelo capitalismo desenfreado.
Nesta altura não são apenas as crianças que são bombardeadas pelos anúncios e super ofertas, NÓS também somos levados a comprar aquilo que não necessitamos e aquilo que ninguém irá necessitar. Apenas queremos dar qualquer coisa a uma qualquer pessoa. Dar, dar, dar... este é o verdadeiro espírito natalício português!!!
Pois bem, este ano neguei-me a dar coisas sem utilidade a quem não precisa de nada. Apenas comprei uma coisa para quem realmente não tem como nem onde comprar o que realmente necessita, inicialmente. Quando dei por mim tinha alguém a dizer-me que teria de participar numa prenda colectiva para uma pessoa que de nada precisa, muito menos do que lhe vamos oferecer. Qual é o objectivo deste tipo de partilha então? Mostrar que temos poder de compra? Que retribuímos sem nunca termos pedido nada apesar de termos recebido? Não sabe melhor receber um sorriso sincero todos os dias do ano, mesmo que não seja um sorriso bonito? Talvez se recebermos prendas como recebemos sorrisos daremos menos importância ao materialismo e começaremos a dar mais valor ao que constitui o ser humano e de todas as coisas boas e agradáveis de que é capaz de produzir e verdadeiramente partilhar com sinceridade.

Desejo a todos um Natal com poucas prendas mas cheio de muitos sorrisos sinceros.
Vou pedir ao Pai Natal que dê aos meus leitores um sorriso embrulhado numa gargalhada alegre e contagiante.

 Espero que tenham imaginação suficiente para figurarem o meu pedido natalício...


La revedere / Até à próxima

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Para todos os Blogers!!!!

 



Quando tirei esta fotografia pensei que havia lá no fundo uma luz mas olhando agora uma vez mais não vejo luz alguma... será que tinha esperanças que ela lá estivesse ou será que estava lá e não a consegui captar?
A minha "iluminação" foi-se ou pensei que a tinha e nunca a tive no final de contas?
Depois de todas as preocupações passadas, mas em contínua presença, começo a perder o rumo dos meus objectivos. Os sonhos já não existem, foram sendo acordados ao longo dos anos. Agora só me resta a dura realidade do dia a dia e as pequenas esperanças de viver um dia após o outro da melhor forma possível.
AFINAL PARA QUE SERVE UM BLOG?
É apenas para exposição pessoal? Huuum, para isso existe o facebook, não?
É para escrever o que se pensa? Então porque não fazê-lo num bloco de notas ou num guardanapo como faziam os nossos grandes poetas mortos quando sentiam a súbita vontade de despejar a mente confusa?
Publicidade gratuita? Faz mais sentido mas é só isso, publicidade? Então para quê tanta preocupação com a imagem do blog e com o facto de até quem chega o nosso blog?
Publicidade pessoal gratuita? Parece-me ainda mais lógico... escreve-se, mostra-se uma imagem do autor, constrói-se um local virtual ao nosso (bom)  gosto, fotos, comentários e espera-se uma resposta em troca.
O QUE ESPERA EM TROCA O AUTOR DO BLOG???
Esta, fico à espera de algumas respostas dos meus leitores...
Para mim um simples comentário serve para me alargar os lábios do canto esquerdo ao canto direito da boca pequenina. O simples facto de saber que alguém me prestou atenção e que pôde reservar um pouco do seu tempo e dispensa-lo comigo... QUE IDEIA MARAVILHOSA...
A ideia de que alguém poderá ver e ler o que se escreve no blog vai obrigar o autor a tentar arranjar tema para actualizar sempre o seu blog. Ora foi exactamente isso que tentei fazer, espero que tenha funcionado de alguma maneira.


La revedere / até à próxima

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Frigorífico

Mas que frio... Uma grande vaga de frio atingiu a Europa nestes últimos dias, como todos sabemos. Nada de novo. Venho contar o meu regresso a Portugal. Estou super hiper feliz por ter decidido voltar no dia certo para casa, lar doce lar. Desde as 8 da manhã até à 1 da madrugada andei com as malas atrás de mim, de aeroporto a aeroporto, como se fosse um burro de carga com presentes para todos. Hoje em dia esta nossa expressão já não faz muito sentido, ainda se vê burros de carga pelas nossas ruas portuguesas? Mesmo nas aldeias mais isoladas é difícil encontrar burros como antigamente :)
Continuando, não me tinha apercebido que os voos da TAROM estavam a ser cancelados até chegar à hora prevista do check-in e ninguém abrir as portas para o fazermos. Comecei a olhar em volta e via-se muitas pessoas com aquelas caras de aborrecimento e desespero. Dirigi-me à agência de viagem do meu voo e mandaram-me esperar até à hora do embarque. Esperei até à hora da saída do avião (13:00) e nada... O voo tinha sido "adiado" tal como os voos da manhã tinham sido "adiados" até à hora do almoço. Depois de muito tempo a contemplar o painel de informação dos voos comecei a ver que apenas os voos das companhias aéreas da Roménia não saíam do aeroporto. Pois muito bem, o avião onde devia ter ido já não ia partir naquele dia e portanto a escala que teria de fazer também já não seria feita. Desta vez decidi dirigir-me à companhia aérea com a qual teria feito a escala e de imediato me arranjaram outro voo que correspondesse a uma outra escala. Duas horas depois, já com a check-in feito e embarcada no avião, partimos. Enquanto o avião procurava o seu caminho na pista consegui ver o suposto avião em que teria partido se não fosse o gelo que caía lá fora. Ao ver aquele avião percebi porque é que todos os aviões das companhias aéreas romenas estão atrasados, são todos muito pequenos e fracos, em vez de motores super potentes tem umas espécies de hélicesinhas. "Ainda bem que não descolamos com aquilo" foi o que me passou pela mente. Não consegui tirar nenhuma fotografia ao avião mas a imagem vai ficar na minha cabeça cada vez que entrar num avião...
Mesmo assim pesquisei no Google :)




La revedere / Até à próxima

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Música Romena

Aqui fica mais um pouco de música romena. Neste meu último fim-de-semana na Roménia tive o prazer de ouvir alguns Djs romenos, muito divertidos e originais o que não quer dizer que seja bem aceites ;), e ainda um grupo que aproveitou um projecto de união europeia para se lançar no mercado musical por todo o mundo. Falo dos The Shukar Collective Project. No meu ponto de vista diria que são um grupo de ciganos que misturam a música "pimba" romena, os "manele", com música techno. Se tivermos atenção ao ritmo é isto que verdadeiramente se passa. No entanto é sempre uma boa experiência e foi um lado mais tradicional, se lhe posso chamar assim, da Roménia com que tive contacto. Apreciem e oiçam também um pouco.



La reverdere / Até à próxima

Shukar Collective - Malademna

Shukar Collective - Taraf

sábado, 27 de novembro de 2010

Preocupações

Mesmo longe de Portugal não consigo deixar de me preocupar, em primeiro lugar,  com o meu futuro, antes de mais nada e sendo sincera, em segundo lugar, como é que vamos continuar a enfrentar a crise e, em terceiro, o que é que se passa na cabeça da maioria dos portugueses. Concordo e apoio a greve geral, sim, mas discordo e bato o pé no chão com aqueles que não fizeram nada o dia todo, com aqueles que ficaram em casa como se fosse um dia de folga. Não é suposto haver uma forma qualquer de demonstração que o país não está contente com todas as novas reformas? SIIIIIMMMM!!!! Mas o que é que o povo português fez no seu dia de greve? Um concerto ao final da noite UAUUUU!!!!! Que original, não se trabalha mas gasta-se tempo a festejar não se sabe bem o quê. Quem fez greve não ganhou o dia mas… foi festejar esse mesmo motivo... Impressionante, festejar o não se ter ganho o dia! Ainda dizem que estamos em crise mas como se as pessoas passam o tempo a tentarem estar distraídas dos seus problemas? Temos de pensar, temos de arranjar soluções e não somente dizer que estamos descontentes com o governo presente...
Esta manhã acordei e, não sei porquê, surgiu na minha cabeça um dos versos de Mário Branco que também ele esteve presente no concerto da greve: "Cá dentro inquietação, inquietação. É só inquietação, inquietação. Porquê não sei, porquê não sei. Porquê não sei ainda..." 
Inquietação é a melhor palavra para exprimir o que sinto nestes ultimos dias em Bucareste.


La revedere / Até à próxima

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viajar por Bucareste

Finalmente fiz algumas gravações num dos autocarros que uso diariamente... A imagem não é muito boa, houve um pequeno acidente com o registo pelo caminho mas nada que me impedisse de gravar um pouco como se conduz em plena Bucareste em hora de ponta! Divirtam-se e tomem atenção às pessoas que se atravessam no meio das estradas, aos carros que tentam virar à nossa esquerda e aos que se enfiam nas nossas faixas de rodagem... Assim é em Bucareste!


Preocupações...

Na Roménia muito se discute ainda sobre a Revolução de 1989. Foi, e continuará a ser, o grande trauma nacional, o que por um lado divide os romenos mas que por outro lado também os reúne num grupo comum, patriota.
Em Portugal de momento muito se discute sobre a economia nacional e estrangeira, na zona de contágio e da vinda do FMI. Pois em ambos os países se discute sobre erros do passado então e os erros que nós fazemos hoje em dia??? Onde estão os responsáveis de hoje em dia? Quem são? Somos nós, portugueses, devedores, políticos, banqueiros ou serão os elementos abstractos economia, capitalismo, comercialismo, marketing que nos consomem mais do que nós os consumimos?
Temos mesmo que ter alguém para deitar as culpas em cima?
Temos que fazer alguma coisa, apertamos os cintos há já alguns anos e continuamos a pedir empréstimos a quem não devemos pedir? Pois não é este um ciclo vicioso sem fim????
MAS ALGUMA COISA TEMOS QUE FAZER!!!
Então a pergunta certa será "O QUE NOS ESPERA NO FUTURO?", será o FMI? ;)

Deixo-vos dois vídeos de José Mário Branco sobre o FMI e sobre as preocupações nacionais...Feito há já algum tempo mas é algo que continua muito actual. Para além disso é uma das músicas que tenho ouvido com alguma frequência ultimamente e a qual não consigo ouvir a fazer uma outra coisa ao mesmo tempo. Tenho que parar e durante quase 30 minutos fico a olhar o nada e a ouvir os pensamentos deste nosso pensador reformado mas que sempre será relembrado!


La revedere / Até à próxima

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Saudade do Fado

Ultimamente, mais do que em qualquer outro momento, tenho sentido uma vontade irrequietante de ouvir fado.
Será este um sentimento originado pela distância que me separa de Portugal ou será este o sentimento de ser português?
Afinal o que significa mesmo a palavra "saudade"?
O seu significado etimológico remete-nos ao latim "solitate" que se modificou ao longo do tempo até ao termo de hoje em dia "saudade". Pois será a saudade um sentimento ligado à solidão? Talvez no meu caso a palavra saudade derivada da solidão tenha mais significado do que a palavra saudade como falta de algo. Apesar de sentir muito a falta de todo o meu dia-a-dia e de tudo o que se passava durante esse tempo acho que me sinto bastante sozinha fora de Portugal e principalmente na Roménia. A verdade é que apesar de todas as novas experiências que tenha tido até agora não me consigo separar da música portuguesa e de todo o sentimento que ela requer... será este um sentimento que deriva da minha nacionalidade? Sinceramente não me parece que apenas o povo português seja capaz de ter semelhante sentimento. Todas as línguas têm um equivalente mais ou menos semelhante, depende, mas saudade penso que todo o ser humano poderá senti-la de semelhante forma!

domingo, 14 de novembro de 2010

A Princesa Aborrecida e o Dragão que Gostava de Chá

Este é um pequeno fragmento de uma história de literatura infantil de Alina Darian que como a própria autora nos diz: é uma história para todos os dragões que tomam conta das princesas encantadas, sendo eles irmãos, pais, avós ou amantes…






O dito Fragmento:

Hum? Acreditam que viveram felizes para sempre? No início a Princesa era feliz, podia passear e ver o mundo mas quando estava presa na torre do mundo era diferente, tornou-se muito mais aborrecida e mais chata quando lia… Mas o cavaleiro era bonito e estava cheio de boas intenções porém perdia muito tempo com o exercício físico, a equitação e a arte de lutar. Enquanto isso a Princesa viajava no mundo dos livros e nos olhos do Dragão por dez mundos mais maravilhosos do que este.

Passado algum tempo a Princesa desleixou-se e tornou-se de novo pálida. Nem conseguia inventar histórias fantásticas como fazia antigamente. Tentava mas o cavaleiro não ligava às histórias. Era tão bom que nem percebia que as histórias eram feitas para o espantar. A Princesa tinha saudades da torre mas principalmente do Dragão que suportava todas as ideias da Princesa com ternura e humor.
Um dia a Princesa agarrou no seu cavalo, deixou um bilhete ao cavaleiro e partiu. Procurou a Fada do Meio-Dia para tentar descobrir qual seria a próxima missão do Dragão. A Princesa sabia o que tinha de fazer: vestiu-se com roupas de rapaz para se parecer com o cavaleiro e para lutar com o Dragão. Apenas assim poderia libertar o Dragão da sua missão e encontrar um castelo abandonado onde continuaria as suas viagens imaginárias e onde inventaria novos jogos. Ainda não tinha um plano muito claro mas sabia que o Dragão tinha sempre boas ideias. Sendo assim tinha de o encontrar…

Nessa altura o Dragão foi de Férias para uma praia desértica onde costumava pescar quando era criança. Era uma praia com palmeiras. Nem uma nuvem pairava no céu apenas se viam ao longe. Esticado num cadeirão o Dragão deixava-se embalar com os sons dos vales e dos gritos dos pescadores.
 - Que bem que sabe estar ao sol, sossegado… Depois de uma missão difícil como esta também mereço umas férias de 300 anos… Enfim uma sesta descansada… O céu sereno e limpo… Sem tempestades, sem trovões, sem relâmpagos…

Mal sabia o que o esperava…

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adoçante



Como o café de palavras por vezes torna-se um pouco amargo vou deixar algumas fotos do monte Sinaia para vos adocicar o gosto por este país maravilhoso.



 







 



Literatura Infantil Romena - Teatro

A Editora "Soarele si Una" nasceu no ano de 2007 com o objectivo de trazer ao mundo infantil novas histórias onde por vezes os dragões são mais generosos que as princesas e onde as princesas partem em busca do seu príncipe encantado. Nestas novas histórias encontra-se inspiração para construir futuramente uma realidade mais aproximada das aspirações das crianças.
Em Novembro de 2007 foi editado o primeiro livro de literatura infantil intitulado A Princesa no Palácio de Vidro, de Alina Darian com ilustrações de Irina Dobrescu.



Esta é uma editora que mal largou a fralda começou logo a pensar em largar a chucha. Este ano foi editado um livro intitulado A Cozinha com a participação de vários escritores romenos consagrados e com ilustrações de vários ilustradores romenos e jovens. Esta é uma forma de demonstrar que a Roménia começa a tentar alargar os seus horizontes para além das suas barreiras linguísticas e, porque não, culturais.

A verdade é que apesar de terem feito a revolução que devia ter sido feita, os romenos continuam um pouco agarrados ao passado. Fala-se do assunto abertamente mas ainda é um trauma muito presente na sociedade. Esta semana tive curiosidade e fui assistir a uma conferência sobre teatro romeno organizado por um dos melhores jornais culturais o Dilema Veche.

No início, tudo bem, proporcionaram-se discussões interessantes entre os convidados que demonstraram como era e como é o teatro na Roménia, de uma forma curta e breve. Quando chegou à parte das perguntas e comentários feitos pelo público apenas um jovem demonstrou ter um espírito crítico em relação ao país onde vive. Ainda não me tinha apercebido que a Roménia ainda tem alguns grandes passos para dar em relação à mentalidade e em especial em relação ao modo como se devem criticar a eles próprios. Este tal jovem fez perguntas directas e com palavras-chaves. Porém qual foi a reacção dos que deveriam responder às perguntas e aos comentários????? "Obrigada pela sua participação!" (praticamente).
Fugiram à provocação feita pelo tal jovem, depois ouve alguns comentários um pouco fora do contexto ou um pouco fanáticos, enfim...
Fiquei um pouco impressionada com o debate. Gostei de conhecer um pouco mais a cultura romena mas fiquei, no fim de tudo, um pouco desmoralizada porque comecei a pensar: "Terei eu que promover uma cultura que não se consegue auto-promover e auto-criticar?"
Se a Roménia não se consegue auto-criticar então de que modo poderá modificar a maneira de pensar de agir e de comunicar????
Se alguém tiver alguma ideia por favor... escrevam!


La revedere / Até à próxima

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Roménia versus Roménia

Nestes últimos dias tenho feito de tudo um pouco. A Bolsa de tradução do ICR abriu-me portas para toda a cultura romena, desde comida, transportes públicos, lançamentos de livros, museus, galerias de arte, encontro com escritores, teatro, música, dança a noitadas nas discotecas. O "bem bom" está a terminar mas as recordações ficaram não só aqui guardadas, como é obvio, mas também na minha mente.
A minha primeira experiência com a Roménia foi um pouco chocante. Em 2008 cheguei pela primeira vez à Roménia num avião de aproximadamente 7horas. Pensava que iria ter alguém à minha espera mas enganei-me redondamente. Mal saí das portas do aeroporto e tive logo 4 taxistas a perguntarem-me se precisava de transporte. Disse-lhes que esperava uma pessoa mas o taxista com a tarifa mais elevada não conseguiu arranjar clientes e esperou que eu lhe pedisse o serviço. Assim foi, depois de esperar alguns minutos percebi que afinal não tinha ninguém à minha espera. Tive que me desenrascar. Falei com o taxista, sabia para onde tinha que me levar, entrei no carro e pus o cinto. Ele tinha percebido desde o início que eu não era romena. Tentámos manter um diálogo agradável sobre táxis em Portugal, como funciona o sistema de controlo das firmas de transportes etc. Depois do interrogatório fez-me um preço para a viagem, i.e., desligou o conta-quilómetros e fez o seu preço. Deixou-me à porta da residência, foi simpático MAS acabou por me cobrar 50€ pela viagem quando deveria ser uma viagem de 15€ mais ou menos. Enfim, apesar de ter sido tão caro tinha as minhas malas, estava sã e salva e onde deveria estar. O problema seguinte foi que àquela hora não estava ninguém para me abrir a porta ou para me dar as chaves da residência, era demasiado tarde para isso. Tentei ligar para o número que estava indicado no meu guia da Net mas nada. Falei com alguns estudantes na rua, em inglês porque de outro modo não me conseguia explicar, e indicaram-me um hotel. Lá fui para um hotel ali perto e tentei de novo ligar para a pessoa encarregada pela residência. Desta vez atendeu mas disse que só no dia seguinte. Entretanto ligou-me um rapaz português. Encontrei-me com ele e começou a explicar-me como funcionavam as coisas na Roménia. No dia seguinte dirigi-me à residência, deram-me as chaves e logo de seguida fiz as mudanças. Mal podia acreditar onde e como me encontrava. O quarto era... feio, a roupa da cama cheirava... a mofo, a paisagem era... horrível e a casa de banho... sem comentários. Por sorte o outro rapaz de Portugal ficava na mesma residência portanto rapidamente me encontrei com ele. Jantámos com mais alguns rapazes que estavam também na residência através da bolsa ERASMUS. Nos dias seguintes tentei acomodar-me, fiz compras, fui à Faculdade e passeei um pouco. À noite o meu pensamento era sempre o mesmo "Consegues viver aqui nos próximos 6 meses, Irina?", a resposta era sempre a mesma "Acho que não, vou voltar para casa!". E assim foi...



 











Em 2010 a minha experiência com a Roménia foi completamente diferente. Quando cheguei tinha 3 pessoas à minha espera à saída da porta de desembarque, um autocarro que me levou a Mogosoaia e um quarto muito engraçadinho só para mim. O local é de tirar a respiração, sossegado, com uma paisagem inspiradora e com muito boas condições...
Acho que já escrevi um pouco sobre Mogosoaia, o suficiente...








La revedere / Até à próxima

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ada Milea

Vou deixar alguns vídeos de Ada Milea para poderem ouvir um pouco de música romena e em língua romena. Para além disso poderam ver como é que uma cantora pode também ser integrada num programa de tradução como o nosso, por exemplo. Os dois primeiros vídeos passam-se no café Verona situado no interior de uma das melhores livrarias de Bucareste, a livraria Carturesti. Nestes dois vídeos Ada Milea repete o processo de tradução musical das suas músicas em romeno para inglês tal como nos demonstrou em Mogosoaia. O terceiro vídeo é um concerto apenas em romeno mas vale a pena espreitar.

Divirtam-se a ouvir um pouco de música romena!!

La revedere / Até à próxima





Ada Milea - I miss my home (Apolodor)

Ada Milea - In africa (Apolodor)

Ada Milea - Colind Horror

domingo, 7 de novembro de 2010

Máquina de Escrever e Freud - Ofelia Prodan

Vou deixar-vos mais uma das minhas traduções da poeta Ofelia Prodan, espero que gostem tanto quanto eu.


maşina de scris

el are în loc de inimă o maşină veche de scris. peste noapte o femeie bătrână vine, se aşază în faţa maşinii de scris şi bate rapid cu degete osoase şi uscate fiecare cuvânt. ea scrie ceea ce el visează. când el termină de visat, femeia se ridică de pe scaun, ia hârtiile scrise şi pleacă. de doi ani îl tot vizitează femeia aceasta. într-o seară s-a gândit la un vicleşug: va pune ceasul să sune înainte ca ea să termine de scris. a luat două somnifere şi s-a băgat sub plapumă. a adormit imediat şi a început să viseze. femeia a venit, s-a aşezat pe scaun şi a început să bată la maşina de scris. de data asta visul se derula atât de repede, încât, în momentul în care sună ceasul, hârtia rămase blocată în maşina de scris cam pe la jumătate. femeia rupse cealaltă jumătate şi dispăru. el se trezi, scoase hârtia rămasă şi citi. se gândi toată ziua la un nou vicleşug. când se făcu noapte luă din nou somnifere şi adormi imediat. de data asta se aşeză el la maşina de scris. femeia veni şi rămase în picioare în spatele lui, aplecându-se să privească peste umăr ce scrie. când ajunse la jumătate, el rupse coala de hârtie şi i-o întinse femeii. ea o luă cu bucurie în ochii obosiţi şi scoase din buzunarul larg al rochiei hârtia care îi trebuia lui. i-o întinse şi el o luă, apoi plecă de la maşina de scris, visând că se chinuie să lipească cele două jumătăţi şi că nu se potriveau în niciun fel una cu cealaltă.

Ofelia Prodan

Máquina de Escrever

Um rapaz em vez de ter um coração tem uma máquina de escrever velha. À noite vem uma mulher velha, senta-se à frente da máquina de escrever, com os dedos ossudos e magros, e bate rapidamente cada palavra. Ela escreve o que ele sonha. Quando o rapaz acaba de sonhar a mulher levanta-se da cadeira, agarra a folha escrita e vai embora. Há já dois anos que ele sonha com esta mulher. Uma noite lembrou-se de uma artimanha: pôs o despertador para tocar antes de ela acabar de escrever. Tomou dois soporíferos e enfiou-se na cama, adormeceu rapidamente e começou a sonhar. A mulher chegou, sentou-se na cadeira e começou a bater nos botões da máquina de escrever. Desta vez o sonho desenrola-se rapidamente, até que, no momento em que o despertador toca a folha fica parada a metade na máquina de escrever. A mulher rasga por metade e desaparece. Ele levanta-se, tira o resto da folha que foi deixada e lê. Durante o dia seguinte pensa numa nova artimanha. Quando anoitece toma de novo os soporíferos e adormece de imediato. Desta vez é ele quem se senta na máquina de escrever. A mulher chega e fica de pé atrás dele, inclina-se sobre o ombro dele para ver o que escreve. Quando ele chega a metade rasga a folha e entrega-a à mulher. Ela agarra-a enchendo de alegria os olhos cansados e tira do bolso largo do vestido a folha que lhe pertencia. Entrega-lhe e ele agarra-a, depois sai da máquina de escrever sonhando que se esforçava para colar as duas metades e que estas não se ajustavam uma à outra de nenhuma maneira.


Irina Fonseca


Freud

eram doi în acelaşi trup
şi ne înţelegeam de minune
ne înţelegeam aşa de bine
că nimeni nu bănuia că suntem doi
într-un singur trup
ba chiar complet diferiţi

când aveam chef de vorbă
ne cedam bucuros locul unul altuia
când pofteam vreo mâncare mai delicioasă
aveam grijă ca fiecare să fie satisfăcut
dacă muream după vreo femeie
găseam fiecare cea mai elegantă soluţie
să ajungem între coapsele ei

treaba naibii a fost însă când
ne-am îndrăgostit
atunci am devenit brusc agresivi
certăreţi îngrozitor de geloşi
nu ne mai suportam deloc
încercam să ne furăm locul unul altuia
până când trupul sătul
până peste cap de mofturile noastre
îl chemă pe Freud şi Freud
ne-a luat fără nicio remuşcare locurile
şi a rămas într-un mod trist şi banal
singur într-un singur trup


Freud

Éramos dois no mesmo corpo
E entendíamo-nos perfeitamente
Entendíamo-nos tão bem
Que não havia suspeita por ninguém
Que éramos dois no mesmo corpo
Apesar de muito diferentes.

Quando tínhamos vontade de conversar
Facilmente sucedíamos um ao outro
Quando comíamos algo mais delicioso
Tentávamos que cada um ficasse satisfeito
Ao morrer de amores por uma mulher
Encontrávamos em cada um a elegante solução
Para lhe chegarmos às ancas

O pior foi quando nos apaixonámos
E foi por isso
Que nos tornámos agressivamente rudes
Discussões terríveis por ciúmes
Já não nos suportávamos mais
Começámos a querer o lugar um do outro
Até que o corpo saturado
Até não poder mais com os nossos caprichos
Chama Freud e Freud
Tomou-nos o lugar sem nenhum arrependimento
E permaneceu de um modo triste e banal
Sozinho num corpo só.

La revedere / Até à próxima

Bucareste

A primeira vez que um português me falou de Bucareste disse:" Hum, não é uma cidade muito bonita. As ruas são sujas. É tudo cinzento!". Assim é! As ruas de Bucareste estão atulhadas de pessoas, algum lixo (não muito) e poluição. Mesmo assim tem a sua beleza. É uma cidade que cresceu em forma de polvo como acontece com quase todas as cidades. Tem alguns edificios feios, muito cinzentos, mas alguns mais antigos têm uma fachada bonita. Há muito transito, muitas pessoas, muitos cães, muita desorganização.

Enfin... algumas fotos...






 

Constantin Chiriac

UAU!!!!!! É a melhor interjeição que expressa a minha admiração quando o senhor Chiriac começou a falar nos seus projectos. Afinal há quem trabalhe seriamente e profissionalmente na Roménia ao contrário do que disse um dos meus colegas generalizando um pequeno grupo de trabalhadores de uma classe mais baixa/menos abastada.
O Festival Nacional de Teatro de Sibiu e o seu director são o melhor exemplo. Constantin Chiriac é um homem culto, inteligente, profissional e empreendedor que conseguiu transformar uma comunidade numa cidade cultural. Projectos, incentivos e patrocínios não lhe faltam. Pergunto-me a mim mesma se este homem alguma vez poderá ter descanso ou férias. Todavia acho que o facto de poder ouvir e ver tantos espectáculos e de tamanha qualidade é uma espécie de recompensa que lhe dará algum descanso.
Depois de se apresentar propôs cursos, mestrados, bolsas de estudo e projectos onde cada um nos (tradutores) poderá trabalhar com a sua equipa no Festival em Sibiu. Para mim, em particular, e para todos os que estavam no nosso encontro, em geral, esta foi a melhor proposta que tivemos até agora. Era visíve a expressão de espanto na cara de cada um de nós.Para além disso ainda nos propôs que trabalhássemos com ele no festival assumindo um papel de agente teatral, i.e., que cada um de nós elegesse um dramaturgo contemporâneo do nosso país de origem para trabalharmos em conjunto. ÓPTIMO!!!!!
Constantin Chiriac vai estar em Junho no Festival de teatro em Almada com a sua equipa!!!!!


La revedere!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ada Milea - Música contemporânea Romena

http://www.adamilea.ro/ é uma site muito, mas muito, engraçado de uma cantora/actriz romena com quem estive em contacto/conversa esta manha. O mais interessante foi a forma como nos demonstrou, tocando e cantando, o processo de tradução de várias músicas em língua romena para língua inglesa. Sendo uma cantora que toca e canta na sua língua de origem teve de se adaptar à língua inglesa para se poder expandir para além das fronteiras do seu país. É muito interessante e fascinante como se aplica a tradução na música envolvendo ritmo, expressões, vozes e claro a linguagem. Para além disso a própria música tem uma letra, logo, por detrás de todo o processo, até chegar ao palco, existe um trabalho intensivo de experimentação e criatividade. As suas letras são simples, com piada e com um tom muito narrativo, principalmente no seu álbum APOLLODORO que foi também editado como um livro com ilustrações. Diria que APOLLODORO é um livro para crianças mas as suas histórias podem também cativar adultos.
Quem sabe se Ada Milea não viajará num futuro próximo para Portugal com destino marcado a Lisboa ou a Sines. Seria um projecto em que gostaria de participar porque para além de ser uma pessoa criativa é também muito expressiva e junta nos seus concertos música com teatro. Os seus concertos são uma espécie de peça inovadora e contemporânea que vale a pena ver com atenção e tentar compreender o que está por detrás!
Aqui fica mais uma experiência da cultura romena do meu ponto de vista. Visitem o site, que também tem uma versão inglesa e descubram Ada Milea!!!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Taxistas

Não sei se conseguirei tirar uma fotografia que possa expressar a sensação de andar de táxi em Bucareste. Todas as noites que saiu até um pouco mais tarde tenho que apanhar um táxi e é impressionante que nunca sabem onde fica o Palácio de Mogosoaia que por sua vez fica nos arredores da cidade. Na maior parte das vezes têm GPS e mesmo assim perdem-se nas ruas da cidade... é uma questão de saberem fazer mais um pouco de dinheiro porque demoramos apenas 10 minutos mas o taxista dá voltas e demoramos 20 minutos. Este é um dos aspectos, outro é a maneira como conduzem. No início pensava que estava na China, onde se conduz de qualquer maneira, pisam-se os traços contínuos, não se dá prioridade e a velocidade não tem qualquer tipo de controlo. Mas não, estava na Roménia. Em Portugal dizemos que os taxistas pensam que têm a estrada toda para eles, pois na Roménia os taxistas e qualquer outro condutor têm de facto a estrada toda para si e não se importam com os outros condutores. Para além de tudo isto, podemos negociar com o taxista o valor da viagem. Habitualmente os taxistas põem o conta-quilómetros a funcionar quando começamos a andar mas se ele quiser podemos negociar o preço da viagem e vamos andando sem o conta-quilómetros.
Não sei qual a relação que os romenos têm com os chineses mas a condução é verdadeiramente semelhante, só faltam as bicicletas no meio da estrada para parecer que estamos na China e não na Roménia. Como diria um romeno "vai de mine!".



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Paisagens de Mogosoaia




O Palácio de Mogosoaia é um lugar que possibilita o descanso. Todo o palácio está rodeado por uma paisagem lindíssima e agradável. Ao fim-de-semana aparecem algumas visitas das redondezas e pessoas de fora para ouvirem música clássica ou para verem uma das exposições do palácio. Mesmo assim ainda se consegue algum sossego no interior do palácio. Os pássaros são uma presença constante assim como os cães esfomeados.  E com tudo isto existe um expressão Bucurestiana, "Queres fazer uma cidade sem cães?", onde se exprime a constante presença dos animais caninos e a impossibilidade de alguma vez deixarem de fazer parte da cidade, é inevitável! Tal como é inevitável deixarmos de pensar nos romenos apenas como um grupo/povo/etnia de ciganos! Nem todos os romenos são ciganos, pode haver uma grande percentagem de ciganos a viver na Roménia mas isso não quer dizer que possamos generalizar, alias, NÃO SE PODE GENERALIZAR!!! Neste mês passado conheci pessoas tão ou mais interessantes do que muitas das pessoas que conheço em Portugal. Para além disso vieram ao meu encontro sem nenhum tipo de desconfiança ou preconceitos. Eu, contaminada pelos preconceitos e histórias absurdas que se ouvem em Portugal sobre os romenos, não me senti tão à-vontade como as pessoas que estavam à minha frente. Ainda me sinto desolada por me comportar deste modo desde o início da minha curta estadia aqui mas esforço-me para mudar a minha atitude e a mentalidade portuguesa em relação aos romenos.



domingo, 31 de outubro de 2010

Lisboa

Lisboa, cidade capital, fatal, romântica e encantadora.

Fiquei com o coração destroçado quando vi as imagens das cheias em Lisboa. Não fazia a mínima ideia que o tempo estava assim tão mau em Portugal e haver cheias na zona da baixa... dói um pouco imaginar as nossas ruas limpas e as fachadas lindíssimas cheias de lama ou pensar nos que tinham os estabelecimentos mais típicos e foram deixados à mercê da natureza outonal.
Se a crise já dificultava a nossa vida agora também o tempo meteorológico já tem o seu lugar no grande dossier nacional intitulado "Crise Europeia".


O descendente da Bica, fotografia de Bernardo


Uma imagem simples, bonita e de Lisboa ,para levantar a moral dos lisboetas e de quem mora diurnamente na cidade.







sábado, 30 de outubro de 2010

Café com Imaginação e Reflexão

Hoje tenho uma história para contar...

Era uma vez... a 30 de Outubro de 2010 um guarda ouve o alarme da Zara a chama-lo! Algo se passou. Apressou-se e quando chegou à entrada da loja viu uma pequena rapariguinha com uma mala e um saco de compras. Apercebeu-se que ela tinha roubado um pijama e imediatamente se encarregou de a escoltar até ao seu gabinete de segurança. O seu chefe terminou a sua importantíssima chamada e começou o interrogatório. A rapariguinha não estava a perceber o que se estava a passar, pensou que fosse uma rotina de segurança e não um interrogatório devido a um mal entendido. Revistaram a mala e o saco. O talão de compra nem foi pedido mas a rapariguinha começou a perceber que os seguranças pensavam que era uma ladra. Com o seu romeno rudimentar tentou explicar-se e por fim se esclareceu o sucedido: ao sair do Carrefour com o seu pijama e as restantes compras ninguém lhe retirou o dispositivo de alarme do pijama, logo, ao entrar na Zara o dispositivo activou o alarme. Teve de voltar ao Carrefour e pedir para lhe retirarem o dispositivo. Com tudo isto apercebeu-se que os detectores de roubo do Carrefour não são eficazes pois não foram activados quando saiu de lá com o pijama. Porém, os detectores da Zara, sim, funcionam. O mais impressionante foi pensarem que a rapariguinha tinha roubado o pijama antes de entrar na loja! Assim surgem os mal entendidos!

Esta é uma história verídica, por favor não tentem fazê-la no vosso país. Só mesmo na Roménia!

... e assim se passou a minha hora de almoço no Carrefour!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Conversas de Café

Qual é o tema de conversa num café????

Algumas ideias?
Independentemente da idade, do sexo etc a conversa, não sei como, vai sempre parar à vida dos outros! Impressionante, de facto, mas É a realidade portuguesa no que diz respeito às minhas próprias experiências. Em muitos momentos de conversas de café evitei falar, apenas observava, e qual o resultado?! Conversa com a vizinha da janela do lado! A vida das outras pessoas é assim um assunto tão fascinante para os portugueses? Desanima um pouco o meu gosto por conversas e entristece o ambiente boémio. Depois ainda existem os cafés que se esforçam por proporcionar um ambiente de má-língua. Estes compram revistas cor-de-rosa onde o único tema de toda a edição é a vida dos famosos que de nada têm de interessante para se ver, ouvir ou falar. Enfim, assim é a vida dos cafés no nosso país.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Proza Poética de Ofelia Prodan

Alguns dados sobre a primeira poeta e o meu primeiro encontro em Mogosoaia Ofelia Prodan:
  • nasceu em Urziceni em 1976
  • estreou-se em 2007 com o volume O Elefante do Meu Pátio
  • ganhou os prémios Revelação da Associação de Escritores de Bucuresti, Mihai Eminescu, Euridice, Revelação da Revista "Luceafãrul", Octavian Goja e o prémio Especial do júri do Festival Nacional George Cosbuc.
 E uma das suas prosas curtas do seu novo livro In Trei Zile Lumea Va Fi Devorata, espero que apreciem

Bătrâna

o bătrână stă ghemuită pe treptele unui bloc şi cerşeşte. mâna ei este foarte lungă şi zbârcită. a strâns deja nişte bănuţi. câteodată îi zornăie şi atunci îşi apleacă urechea şi închide ochii, de parcă zornăitul acela ar fi cea mai frumoasă muzică. mă scotocesc prin buzunare şi găsesc o monedă. vreau s-o pun în palma bătrânei, dar bătrâna îşi retrage palma, râde şi-mi spune cu gura ei ştirbă: credeai că te las să faci azi o faptă bună? mă scutur de uimire şi rămân stană de piatră, în timp ce bătrâna se ridică sprintenă ca o fetiţă de pe treptele blocului şi pleacă ţopăind într-un picior, zornăind bănuţii la ureche.
Ofelia Prodan

A Velha

Está uma velha mendiga encolhida nos degraus de um prédio. A mão dela é comprida e enrugada. Conseguiu juntar algumas moedinhas. Às vezes tinem e nessa altura inclina a cabeça e fecha os olhos, como se aquele tinir fosse a mais bela melodia. Ao procurar no blusão encontro uma moeda. Quis pô-la na mão da velha mas fechou a palma da mão, ri-se e com a sua boca desdentada diz-me: achas que te vou deixar fazeres a boa acção do dia? Recomponho-me do espanto e permaneço petrificada enquanto a velha se levanta dos degraus agilmente, como uma menina, e se vai embora saltitando com um pé, tinindo as moedas aos ouvidos.

tradução feita por mim


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Música e Poetas com Café



Um pouco de musica romena/moldovena para adoçar o gosto do café. Depois de alguns dias em Mogosoaia com a bolsa de tradução do ICR (Instituto Cultural Romeno) iniciaram-se as visitas e os encontros com os poetas como por exemplo Ioan Es. Pop, Ioan Muresan e Eugen Suciu . Num destes dias encontrámos-nos no típico café dos escritores "do tempo comunista", o mesmo que aparece no filme Filantrópica. Muito, muito pequeno mas muito dragut(z) como se diria em romeno. É um lugar cómodo, quente, cor cépia, onde se ouve poesia e se bebe vinho quente (fervido e aromatizado com fruta) para além de cerveja e café!




Quero convida-la para cantar na minha casa e depois num bar algures em Lisboa! Fico à espera de ajudantes para participarem no projecto.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Primeiro Olhar

Incrível a força da natureza,
A beleza com que nos espanta e o aroma com que nos encanta.
Uma foto transmite sempre a sensação captada mas
Nada melhor que o olhar admirado do mirador.


A natureza foi um dos primeiros motivos que me levou a escolher a Roménia como um país a conhecer em 2008 através do programa erasmus. Apesar de me ter dado muito mal na primeira visita a Bucuresti aqui estou cheia de vontade de conhecer mais um pouco o país e o povo que me fascinam.
Em Portugal e em muitos outros países a Roménia é um lugar conhecido somente pelos ciganos, ou seja, pelos aspectos negativos. Então e os aspectos positivos onde andam? Porque não são referidos também os aspectos positivos? Os portugueses são perseguidos por aspectos negativos ao longo do mundo ou nem por isso?
Quais são os clichés que perseguem os portugueses?